domingo, 21 de fevereiro de 2010
ENGENHEIRO DE PESCA
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o mundo produz cerca de 30 milhões de toneladas de organismos aquáticos criados em cativeiro - número que vem aumentando, em média, 8% a cada ano. É nessa onda promissora que navega o engenheiro de pesca, o especialista na exploração de peixes, crustáceos e moluscos. Seja nas fazendas aquáticas, no mar ou rios, é ele quem faz a ponte entre a tecnologia e a extração de alimentos das águas. Para isso, acompanha as diversas etapas da criação, reprodução e captura e planeja novas formas de exploração, armazenamento, transporte e processamento.
"Eu trabalho com pesquisa pesqueira", conta José Augusto Negreiros Aragão, do Ibama, no Ceará. "por meio da observação dos pescadores em suas atividades e da utilização de modelos matemáticos, calculo a quantidade de camarão e lagosta que deve ser capturada, de modo a garantir o estoque sem afetar o equilíbrio ambiental. A preocupação em não explorar os recursos marinhos de maneira predatória é a base de nossa atividade." O cuidado com o meio ambiente não é problema exclusivo dos órgãos públicos. "Os recursos naturais são finitos e estão escasseando", afirma Ricardo Barreira, consultor em engenharia de pesca no Ceará. "Vivemos um momento em que a produção, a tecnologia e a preservação do ambiente devem andar de mão dadas."
O mercado
As melhores oportunidades estão na aqüicultura. "A grande quantidade de açudes e barragens no interior do país favorece o cultivo em cativeiro, principalmente nos Estados do Nordeste e em Santa Catarina", comenta Aragão, do Ibama. Há emprego, ainda, como consultor em empresas que fazem a industrialização e a comercialização do pescado. E, na área de preservação ambiental, em órgãos do governo e em ONGs.
O curso
A grade curricular contém matérias comuns a todos os cursos de engenharia, como física, química, matemática e estatística, além de disciplinas da área de ciências biológicas, como biologia, ecologia e zoologia. Metereologia, oceanografia e fotogrametria também fazem parte do programa, bem como matérias de humanas, como economia. Nas aulas práticas, o estudante aprende técnicas de navegação, métodos de processamento do pescado e de cultivo de peixes, moluscos e crustáceos. O estágio supervisionado é obrigatório no último ano. Duração média: cinco anos.
Novo: Aqüicultura
A Aqüicultura, que até pouco tempo atrás não passava de disciplina da engenharia de pesca, vem experimentando um verdadeira manobra radical. Nos últimos dez anos, a produção brasileira de animais aquáticos triplicou, saltando de 13 000 toneladas anuais para mais de 40 000 em 1998. Atenta a esse mercado potencial, a UFSC, em Santa Catarina, criou um curso específico para a área, que dura quatro anos e meio e tem um currículo interdisciplinar.
Além de aulas de biologia, bioquímica, fisiologia celular e ecossistemas, o estudante aprende geologia, construção civil, hidráulica, instalações elétricas, desenho técnico rural, administração e economia. "O graduado deve sair preparado não só para o cultivo de peixes, moluscos, crustáceos e plantas aquáticas em gaiolas, reservatórios e tanques, mas também preparado para atuar como empreendedor, capaz de gerenciar a produção de uma fazenda ou outro empreendimento aquático de maneira ecologicamente correta", diz Vinícius Ronzani Cerqueira, coordenador do curso em Santa Catarina.
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