quinta-feira, 22 de abril de 2010
NATURISTA
Em 1997, uma comissão do congresso nacional denunciou que plantas usadas por índios da Amazônia no tratamento de doenças - como a pedra-ume-caá (Myrcia citrifolia), contra diabete, e o cróton (Cronton sp.), no combate à sífilis - estavam sendo sistematicamente contrabandeadas para indústrias farmacêuticas estrangeiras. Para evitar que todo o potencial de plantas medicinais brasileiras deixasse de ser explorado no país por falta de especialistas, a Unisul, em Santa Catarina, criou o bacharelado em naturologia aplicada.
"Estudamos a natureza em busca da saúde integral do homem", afirma Rosa Maria Rupp, coordenadora do curso da Unisul. "Mas é importante esclarecer que nosso objetivo não é substituir a medicina tradicional, e sim agir ao lado dela, sempre em benefício dos pacientes." Esse especialista pesquisa a botânica, receita e manipula essências de flores dissolvidas em álcool (florais) e lida com as chamadas terapias alternativas, como cromoterapia (tratamento pelas cores). Ele faz também massagens e exercícios de relaxamento e energização, como o reike, o shiatsu e o do-in. É o caso de Elisa Leandro, terapeuta em Florianópolis, em Santa Catarina. "Além das várias técnicas, domino anatomia e fisiologia", diz. "Esse conhecimento é fundamental para identificar os problemas do paciente e, em casos mais graves, encaminhá-lo a outro especialista, como um ortopedista."
O mercado
Campo de atuação não falta: a Organização Mundial da Saúde, órgão ligado à ONU, já tem registradas 138 terapias alternativas. O mercado está em alta no país, apesar da falta de estatísticas oficiais. Segundo Rogério Fagundes, vice-presidente da Associação Nacional dos Terapeutas, cinco anos atrás havia no país 20 000 naturistas: "Hoje, são mais de 60 000". Não é só no Brasil que os tratamentos naturais avançam. Em 1998, uma pesquisa realizada nos Estados Unidos revelou que na Califórnia - caracterizada pela grande receptividade a modos de vida alternativos - 42% dos adultos já recorreram a métodos não convencionais de tratamento. O naturista encontra trabalho em clínicas particulares, casas de repouso, hospitais e spas. Pode, ainda, montar consultório.
O curso
Criado pela Unisul em 1998, o curso tem duração de nove semestres. Os futuros naturistas estudam disciplinas como psicologia, metodologia científica, cristalografia (os cristais e suas propriedades), geoterapia, cromoterapia, paisagismo ecológico e educação física. O estágio é obrigatório no último semestre. A universidade mantém um convênio com uma clínica de Florianópolis para o treinamento dos terapeutas em formação.
Duração média: quatro anos e meio.
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